quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

VenenoVertidoNoCéuInvertido


Veneno vertido em céu invertido:

Ramos e raios do dia feito noite!
Ao contrário!
Eu sempre ao contrário!
Baloiçando sempre nos pares de antogónicos,
Pescando sempre nos mares fantasmagóricos.

Eu peco.

Ao senhor que sou,
Peco!
E ao senhor que sou,
Peço perdão!
E se por vezes perdo-me,
Tem cá outras vezes que não há perdão.
Vezes a mais,
Para as vezes que me digno ser...
Vezes a menos,
Para as vezes que arrisco ter...

Mas ter o quê?
E perguntar o quê, porquê?

Já com questões?
Já não se segue sem questão?

O ponto de interrogação!

Se seduz,
Se reluz.

A olho que não quer seguir,
Todo horizonte é longo,
Todo o dia pode ser uma noite,
Toda a noite pode ser um dia,
Todo o desnexo,
É pretexto,
Toda a tontice, serve de vigarice...

Cómico jogo da apanhada sem mais ninguém,
Trágico jogo da gargalhada para mais ninguém.

Rir só já de ti,
Rir só já em ti!

Sabes como é rir de ti
Quando só te resta a ti?


Só a ti!


Sabes rir de ti?


E de que nos vale rir?
De nós,
Dos outros,
Das coisas,
Seja do que for.

De que nos vale rir?
Que ferramenta é esta que insistimos possuir,
Que obsoleta evolução esta, que teima persistir!

Praga!

Ninguém foge da praga!

Há quem fuja da praga?!

Espera,

Eu sei!

Há quem fuja da praga!

Por isso,
Inquieto-me,
Não é para menos,
Se há quem consiga a fuga,
Porque raio será, que eu não consigo?

Na confrontação,

Que posso fazer?

Venho agora com praga alojada,
De simbiose indesejada,
Que fazer?
Não sei que fazer!
É que no tudo que sei fazer,
Nada se ensaiou suficentemente bem para que se possa levar à plateia,
Nada se maquilhou tão bem, que possa enganar o própio espelho,
O talento esse, se o há,
Fica misturado no pó dos cantos dos bastidores,

Se existo?

Existo pois!
Ao contrário?!

Se o for, que o seja!

Mas...
Existo!
Existo pois!
Porque não hei-de eu existir?
Seja eu sonho colectivo,
Ou,
Devaneio, só meu!

Mas existo!
Porque porra havia eu de não existir?

Então se existo,
Que exista, porra!


É que no fundo,
Tudo se resume ao virginal contacto!
Do primeiro vencer sem merecer,
Do primeiro romper sem perceber,

Tudo se torna:

O veneno vertido no céu invertido

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